segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A Vida com Gatos de Danielle Santos

Hoje este post está muito significativo para mim. Não que algum deles não seja, mas estes dois gatinhos da entrevista de hoje fazem parte da minha história.

Trabalhei durante dois anos no Bom Retiro, bairro famoso pela quantidade de animais abandonados em suas ruas, praças e estabelecimentos públicos.

É sujo demais, então as pessoas acham que gatos por alí são úteis para caçar ratos e ponto (dedetização, hello?). Se estiverem prenhes, se emprenharem alguma gata de rua, se estiverem doentes ou se o estabelecimento fechou, ninguém se importa com os bichos. Seguem a vida e eles ficam lá, vivendo em colônias e reproduzindo aos tubos.

Eu sempre acompanhei algumas destas colônias e uma das que mais mexeu comigo foram os gatinhos do Itaú. Minha história com a AUG começou por conta desta colônia, que alimentei durante meses e meses, chorei por causa deles durante meses e meses, até que pedi socorro para 3 futuras mamães e estes dois filhotinhos deste post.

Me autorizaram entregar 6 ou 8 gatinhos no abrigo. As mamães pariram nas ruas, outros que viviam escondidos em um gerador no jardim do banco apareceram e eis que este resgate resultou em 26 gatinhos fora das ruas!

O caveira e a irmãzinha, como eu os chamava na rua, foram junto. Eram dois bebezões de uns 4 / 5 meses quando foram resgatados e eu me prometia que se eles não fossem adotados, eu os levaria pra casa assim que mudasse.

O Caveira, hoje chamado de Shrek, era muito meu amigo. Ele pedia carinho pela grade do jardim do banco, pela janela de vidro quando eu estava no banco brigando pra alguém abrir o jardim pra mim e a irmãzinha, hoje chamada de Fiona, fazia auto carinho e miava pra chamar a atenção. Eles viviam grudados.

Princesinha e Caveira no jardim do banco antes do resgate

Pitiquinha linda

xodó da vida

 Oi tia. Cadê a comida?

 triste era ter que deixá-los todos os dias.

Um dia estava lá no abrigo atendendo as visitas e esse casal bacanérrimo chegou. Escolheram meus bebês.
No dia que fui entregar, dia 03 de dezembro do ano passado, Deus me deu um presente, o Juquinha.

Naquele mesmo dia meus amores ganharam uma casa sensacional e eu um filhotico novo.

Sem mais, segue a entrevista da Dani e do Rafa, marido dela.


Nome: Dani e Rafa

Idade: 26 e 31

Profissão: Somos psicólogos. O Rafa passa o dia todo fora e eu tenho horários mais flexíveis, então nossos gatos não ficam muito tempo sozinhos.

Filhos? Idades? Moram com os Gatos tb? Não temos filhos (humanos) rs

Gato (s) (nomes e idades):
Nossos filhos felinos são irmãos: Shrek e Fiona, estão com 1 ano e 2 meses.

Os rapazes da casa Rafael e Shrek 

As meninas Dani com Fiona

Desde de quando você tem gato? 
Sempre tive gatos, desde criança. Tenho outra gatinha (Shandra) que vai fazer 11 anos e mora com meus pais. O Rafa também já teve gatos e seu outro gato (Smeagal) vai fazer 3 anos e também mora com seus pais.

Comprou, adotou, ganhou ou achou? 
Nunca comprei gatos. Encontrei a Shandra recém nascida na rua, ela ainda nem tinha aberto os olhinhos. O Smeagal é um persa que foi comprado num gatil. Já o Shrek e a Fiona foram adotados na AUG.

Por que Gato? 
Já tive cachorros e gatos e amo os dois, mas como moramos em apartamento seria mais difícil cuidar bem de um cachorro. Já com os gatos é mais tranquilo não ter que sair pra passear, evitar problemas com os vizinhos por causa do barulho e poder fazer viagens rápidas sem ter que mobilizar familiares pra cuidar deles.

Para você, como é a vida com gatos? 
Maravilhosa! Cada dia acontece algo novo, eles descobrem lugares e brincadeiras diferentes, são suuuper carinhosos, companheiros. É como se fossem filhos mesmo, porque nos preocupamos se ficam doentes, compramos presentinhos quando saímos, conversamos com eles, damos bronca, somos acordados no meio da noite quando estão carentes. É tudo de bom!

Conte alguma situação curiosa que passou com seu (s) gato(s)? 
Esses dias estava fazendo as malas para viajar e quando fui colocar as roupas dentro da mochila, o Shrek estava lá dentro e já usava como saco de dormir, porque não saia de jeito nenhum! Tive que esperar ele tirar um cochilo para conseguir colocar as roupas. Em outra situação nós tínhamos acabado de montar a árvore de natal (vulgo: Playground de gatos) e é claro que não duraria muito tempo; no meio da noite acordamos com o barulho e vimos a árvore tombada, a Fiona com cara de paisagem olhando pra gente e o Shrek com os olhos arregalados escondido debaixo da mesa....quem será que derrubou? 
Outra situação engraçada foi quando substituímos o pote de água por um bebedouro maior, o Shrek logo descobriu que era muito divertido pegar seus brinquedos e dar banho neles ali – era assim: pega o ratinho pelo rabo e joga na água, pega o ratinho da água com a pata e joga no chão, pega outro ratinho e joga na água...até que a empolgação foi tão grande que a pata bateu e o bebedouro tombou molhando toda a cozinha. O mais engraçado foi ele desesperado tentando correr e escorregando no chão molhado. Foi só risada nesse dia.

Conte um pouco sobre como são seus gatos e sua relação com eles? 
Como deu pra perceber o bagunceiro da casa é o Shrek. Ele vive aprontando e pentelhando a Fiona, corre atrás dela e brinca de MMA (o forte dele é a luta de solo), também é um gato super carinhoso e carente, “chega chegando”, pisando no teclado do computador, no livro, no vídeo-game até subir no colo e deitar todo esparramado ronronando e pedindo carinho. Suuuper fotogênico, adora fazer pose pra foto. Sempre foi o primeiro em tudo, encontrar a água e comida, subir na janela e na cama. Já a Fiona é uma legítima princesinha, toda delicada, só falta pedir licença pra subir no colo. É suuuper companheira e faladeira quando está carente, se joga no chão e fica pedindo carinho. É mais quietinha e não gosta muito de ser pega no colo. Adora brincar com o próprio rabo e com qualquer papelzinho que cai no chão. É fissurada por biscoitinhos e adora tomar sol na janela de manhã. Os dois são muito unidos e apesar dos tufos de pelo que arrancam um do outro às vezes, só dormem juntos e vivem se lambendo. Nós os tratamos como filhos e não conseguimos imaginar nossas vidas sem eles. Estamos sempre filmando ou tirando foto das peripécias dos dois. Aliás, May te agradecemos muuuito por ter resgatado nossos tesouros, viu! 
(e eu te agradeço por cuidar deles, Dani. Por amá-los, mimá-los e por me permitir manter contato. Quando a gente resgata um bicho de rua, a gente sonha uma vida pra eles. Vcs estão dando a vida que sonhei pra esses dois.)

"se eu me esconder aqui toda vez que aprontar alguma, ninguém vai saber da minha culpa!"

"Mamãe, desta vez foi culpa dela!!"

Se você pudesse dizer alguma coisa para uma pessoa que não gosta ou tem preconceito contra gatos, o que vc diria? 
Acho que como em qualquer relacionamento com qualquer ser vivo é preciso dar chance para conhecer. Os gatos são realmente diferentes dos cachorros, às vezes demoram mais pra se vincular, ficam desconfiados com pessoas estranhas, mas quando você dá a chance de respeitar o tempo deles e conhecer melhor, eles se mostram como realmente são: carinhosos, companheiros e muito fiéis. E quando você percebe, já estão esparramados no seu colo ronronando e pedindo carinho.







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